E depois da Champions?


Depois da final da Liga dos Campeões e do muito que se falou sobre a questão do público nos estádios, é de elementar bom senso reconhecer que não existem quaisquer motivos para esta diferenciação entre o público do desporto e os demais públicos que vão retornando a espetáculos e eventos culturais, admitir uns eventos e deixar outros de fora sem qualquer racionalidade do ponto de vista da proteção da saúde pública, que será sempre o valor maior a proteger.

Salvo o devido respeito, as autoridades de saúde não podem contextualizar as medidas a tomar hoje, com a situação que tínhamos há um ano, ignorar a diminuição do risco para a franja mais débil da população com o processo de vacinação em curso e as muitas provas dadas de que, com a capacidade dos recintos reduzida e controlo adequado, clubes desportivos, que já estão habituados a implementar protocolos de contenção da Covid dentro das suas infraestruturas, conseguem dar uma resposta cabal.

Governo e autoridades de saúde não têm, em conjunto, sabido lidar com as necessidades do fenómeno desportivo, marginalizando-o inexplicavelmente, atrasando apoios já prometidos e ignorando o apelo para medidas que ajudem a reduzir os custos elevadíssimos para a manutenção da atividade deste setor.

Perdemos a cada semana que passa a oportunidade de minimizar o impacto que a Covid continuará a ter no desporto, o que não deixa de ser irónico quando a classe política faz questão de marcar presença nos principais eventos desportivos e destacar os feitos que vão sendo alcançados pelos atletas em representação dos respetivos clubes e do país.

Termino com os parabéns ao Trofense, Estrela da Amadora e Arouca, pelas respetivas subidas de divisão. Desejo que tragam projetos sólidos e sustentáveis para o futebol português.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (1 de junho de 2021)

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