Refugiados, imigração e desporto


Assinalámos no passado dia 20 de junho o Dia Mundial do Refugiado, com a difícil consciência de que a pobreza extrema, a guerra e perseguição por razões políticas, religiosas e outros fatores discriminatórios continua a levar milhões de seres humanos a fugir, despojados do pouco que têm, e procurar uma nova vida fora do seu país.

A cada dois segundos mais uma pessoa é adicionada a esta estatística. O futebol conta, felizmente, várias histórias de sucesso, jogadores ao mais alto nível que na primeira pessoa, ou enquanto descendentes de famílias que passaram por estas experiências, sabem o quão difícil é ser refugiado e percorrer um caminho onde a aceitação quase nunca está de mãos dadas com a igualdade de oportunidades.

Neste Euro 2020 estão presentes, por exemplo, Antonio Rudiger, Steve Mandanda, Granit Xhaka e Xherdan Shaqiri, Dejan Lovren ou o ex-Bola de Ouro Luka Modric, cujas famílias contam histórias de fuga da guerra nas cidades e países de origem, demonstrações de que o futebol pode garantir o sucesso de um novo recomeço.

Muitas seleções têm nos seus plantéis atletas marcados por esta diversidade cultural, criando momentos raros de união nacional e celebração dessa diversidade. Numa altura em que o racismo, a xenofobia e a discriminação ganham espaço no discurso político europeu, saibamos todos contribuir para uma mensagem de solidariedade e tolerância, desmistificar teorias da conspiração, criar condições para que em cada país a vivência de refugiado seja um verdadeiro momento de transição e não um peso para a vida.

Por fim, uma mensagem de força e coragem para a nossa Seleção. Quem conhece este grupo e toda a equipa que o suporta não pode ter dúvidas de que venceremos a adversidade. Vamos com tudo.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (22 de junho de 2021)

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