Calendários e defesa da saúde


O último fim de semana ficou marcado pela realização de jogos de diferentes competições, profissionais e não profissionais, em horários proibitivos. Fizeram-se sentir temperaturas muito elevadas, impróprias para a saúde dos jogadores e qualidade do espetáculo.

Julgo que o primeiro aspeto que deve imperar neste contexto é o bom senso. Somos, felizmente, um país que apresenta um clima ameno, pelo que são relativamente curtos os períodos em que é necessário fazer um esforço de ajustamento dos calendários às exigências do clima.

Em qualquer circunstância, a lógica comercial relacionada com as transmissões televisivas não pode sobrepor-se à saúde e bem-estar dos atletas, muito menos faz sentido num país em que, felizmente, na maior parte do período de competição, as temperaturas médias se revelam aceitáveis para a alta competição.

Tenho acompanhado através da FIFPro esta discussão, que se intensificou após a escolha do Qatar para o próximo Mundial, e as recomendações feitas parecem-me perfeitamente razoáveis: a partir dos 28.º C deve existir pausa para hidratação nas duas partes do jogo, quando seja expectável que a temperatura atinja os 32.º C.

Além dessa pausa ser obrigatória, é recomendável a alteração do horário do jogo para momento com menor intensidade de calor. O calendário da próxima jornada, com a previsão meteorológica a manter-se, volta a apresentar um número inaceitável de jogos na zona crítica da intensidade de calor.

O Sindicato dos Jogadores reforçará, por isso, junto de todos os intervenientes, o apelo para que sejam tomadas medidas no sentido de resolver este problema, convictos de que ninguém quererá, na sua consciência, uma situação de colapso de um atleta provocada pelo calor.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (17 de agosto de 2021)

Mais Opiniões.