Agir, refletir e reformar


A situação do União da Madeira SAD atingiu o limite, após um processo de acumulação de dívida que se intensificou ao longo dos anos. A realidade atual era complexa, num clube dependente dos apoios financeiros regionais e cuja composição do plantel refletiu, em parte, a cautela e os alertas que procurámos fazer devido ao risco elevado de incumprimento.

São bastante menos os jogadores deslocados em comparação com épocas anteriores, mas ainda assim é inaceitável que mais um grupo de trabalho volte a passar por esta situação. Sem prejuízo do chumbo do PER em que esta SAD confiava para sobreviver ‘ligada à máquina’, choca o desaparecimento dos dirigentes que deram garantias de estabilidade no início da época e estabeleceram compromissos em sede de licenciamento.

A última e deprimente imagem é a de um grupo de jogadores e equipa técnica a comparecer a um jogo sem quaisquer condições de realização. Já não existe um interlocutor capaz de assumir um compromisso para a resolução do problema e é preciso dizer basta.

Foram situações como esta que levaram o Sindicato a bater-se por regras de licenciamento e controlo financeiro equiparadas às equipas do futebol profissional. Acreditamos nas alterações já realizadas, em conjugação com a criação da Liga 3 que veio aumentar as exigências do patamar de acesso às competições profissionais.

Embora difícil, falta ainda refletir e trabalhar para a responsabilização e prestação de garantias suplementares pelos responsáveis das sociedades desportivas, um escrutínio mais apertado dos investidores e fontes de financiamento e o afastamento de estruturas societárias conduzidas ao desastre financeiro. Tudo matérias que não nos podem deixar parados, apesar das regras já implementadas.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (23 de novembro de 2021)

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