Futebol e direitos humanos
O Dia Internacional dos Direitos Humanos, comemorado no dia 10, representa uma oportunidade para refletir sobre o caminho que tem sido percorrido pelo desporto.
A 14 de dezembro de 2017, sindicatos e organizações representativas de atletas com dimensão internacional, entre os quais a FIFPro, preocupados com os atropelos registados em todo o mundo, apresentaram a declaração universal dos direitos do atleta, uma carta de princípios fundamentais para a proteção, desenvolvimento e garantia da dignidade de todos os praticantes desportivos, marcada pela afirmação de garantias relacionadas com a defesa de direitos humanos, tais como o direito à prática desportiva num ambiente livre de assédio, abuso, discriminação ou violência, à liberdade de expressão, à infância, a condições laborais e salários condignos, à organização coletiva, à privacidade e proteção de dados pessoais, entre outros.
No fundo, uma reafirmação de que os atletas são seres humanos e que estes direitos prevalecem, independentemente do contexto. Não importa a especificidade da atividade que se desenvolve.
Vale tudo isto para refletir sobre o estado do futebol mundial, com todos os relatos de restrições impostas aos atletas, profundas assimetrias e desigualdades. A declaração universal dos direitos do atleta é mais um instrumento que reflete a comunhão de valores que atravessam modalidades e governos, um farol nas tomadas de decisão e um lembrete do que guia o nosso trabalho no dia a dia.
Termino com uma palavra de apreço e reconhecimento ao Dr. Fernando Gomes, presidente da FPF, que apresentou o balanço de dez anos que marcaram uma profunda revolução na organização e gestão do futebol em Portugal. Um obrigado, em particular, pelo apoio que sempre deu a muitas das causas importantes para os jogadores.
Artigo de opinião publicado em: jornal Record (14 de dezembro de 2021)