Um problema de todos: novo capítulo


O relatório da FIFPro "Abuse in football" é claro na caracterização do problema: o futebol propicia um ambiente perigoso para a proliferação de comportamentos racistas ou discriminatórios. Devemos refletir sobre os múltiplos casos que acontecem pelo país.

Este fim de semana, foi notícia uma atleta do Sporting ser vítima de insultos raciais, ficando registada uma expulsão de jogo que pune a vítima e aguarda, para já, pelos autores destes insultos que consubstanciam crime. Esperamos que tenham sido identificados no local.

O caso de Marega é apontado internacionalmente como mau exemplo na gestão de situações de racismo. A falta de celeridade dos procedimentos e o desfecho foram claramente insuficientes face à gravidade do sucedido.

Sem uma articulação perfeita entre educação, prevenção e a ação disciplinar e criminal, o futebol é uma autêntica bomba-relógio permanentemente utilizada como veículo daquilo que de pior existe na sociedade.

Em Portugal, com uma legislação revista recentemente, esperava-se mais. Há caminho a percorrer numa sociedade cada vez mais permeável ao ódio e ao incitamento à violência. Não é uma questão menor, nem um problema só de alguns.

Como disse Giorgio Chiellini, podem nunca ter sido vítimas, mas todos (incluindo atletas) devem abraçar esta luta. Termino com uma nota de pesar e sentida homenagem a Lima Pereira, jogador com grande caráter que fez parte de uma geração fantástica, marcante na história do FC Porto e do desporto nacional.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (25 de janeiro de 2022)

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