Federação Portuguesa de Futebol - uma visão, um projecto, um futuro


Apesar da situação insustentável em que se encontra o futebol português, não deixa, salvo melhor opinião, de haver uma solução.

Para tanto haverá que discutir tanto o presente como o futuro. Impõe-se, por isso, uma reflexão e partilha conjunta suscitando um debate crítico junto dos que legitimamente representam o futebol português. Está na hora de aqueles que “riscam” assumirem e darem a conhecer as suas posições.

De o fazerem directamente e não por interposta pessoa; de o fazerem com transparência e não dissimuladamente; de o fazerem oportunamente e não a reboque dos acontecimentos. Basta de conformismo, exigem-se reformas; basta de silêncio, exige-se uma voz de comando; basta de favores e compadrios, exige-se rigor e responsabilidade.

Exige-se uma discussão séria e justa onde os que querem possam e devam ir a jogo. Depois dos últimos acontecimentos seria inaceitável promover um processo eleitoral viciado que mais não fosse do que consumação de oportunismos. A ausência de um projecto e de um líder revelou que os actos praticados são inconsequentes e fatais.

Apelo, pois, para que aproveitemos a oportunidade e promovamos um projecto para o futebol português cujo líder resulte de um processo eleitoral livre e participado e não de qualquer imposição.

O Projecto

Está, assim, na hora de discutir as ideias, o projecto, de eleger o líder e constituir a equipa directiva.

No que respeita ao projecto, entendo, salvo melhor opinião, que deve assentar na reforma da Federação Portuguesa de Futebol já que é dentro de si que está a “doença”. Assim, proponho que se actue em quatro grandes áreas: jurídica/administrativa, económico/financeira, desportiva, internacional/promoção.

Concretizando, em termos funcionais meramente enunciativos dir-se-á:

Área Jurídico/Administrativa – gestão de recursos humanos, gestão informática, gestão jurídica, licenciamento, registos e competições, formação/qualificação de jogadores, árbitros, treinadores e dirigentes.

Área Económico/Financeira – sustentabilidade financeira da Federação, modelo de negócio, infra-estruturas (sede e casa das selecções), comunicação e marketing,

Área Desportiva – desenvolvimento da prática desportiva/aumento do número de praticantes e modelo de desenvolvimento do futebol, revisão dos quadros competitivos profissionais, não profissionais e jovens (formação); implementação efectiva de uma Direcção Técnica Nacional; desenvolvimento do futebol feminino, futsal e futebol de praia. Nesta área criaria uma direcção para o futebol amador.

Área Internacional/Promoção – relações desportivas internacionais, entre outras, UEFA e FIFA. Cooperação com União Europeia e as Comunidades Portuguesas no estrangeiro. Organização e apoio a competições internacionais.

Propõe-se ainda, a médio prazo, a criação de uma Fundação, com actuação no plano da responsabilidade social e a criação de uma Escola Nacional de Futebol, integrada na Casa das Selecções.

Defendo que se deve apostar numa equipa competente cuja escolha deve caber ao líder. Não é aceitável o recurso ao critério da arbitrariedade, das amizades ou dos caprichos.

Deve implementar-se a delegação de competências em termos claros e bem definidos. Cada um dos membros da equipa directiva deve estar revestido dos poderes necessários para promover, na respectiva área, as reformas que julgue oportunas assumindo, concomitantemente, as suas responsabilidades.

Deve existir transparência de processos. Organigrama e a Liderança Quanto ao líder, exige-se determinação, competência e uma visão abrangente do mundo do futebol. Exige-se que una e não que divida; exige-se que não se deixe instrumentalizar; exige-se seriedade no cumprimento dos compromissos assumidos.

Exige-se respeito pelos demais interlocutores; exige-se que esteja acima das querelas nacionais; exige-se que esteja ao nível dos desafios que nos esperam, e não são coisa pequena. Em conclusão, exige-se que decida.

Podemos concordar ou não com a decisão mas exige-se que decida. Neste contexto, no próximo acto eleitoral impõe-se a escolha de um presidente para um mandato de 4 anos e conferir-lhe o apoio e as condições necessárias ao exercício das funções.

É certo que muito mais há a dizer e, sobretudo, fazer sobre “governo” do futebol. Outras oportunidades não faltarão para analisar o assunto. É tempo de a Federação falar a mesma linguagem.

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