Acima do futebol


A crónica desta semana é inevitavelmente sobre o conflito na Ucrânia, uma mensagem de coragem, força e compaixão para com todos aqueles que estão a sofrer com a invasão russa, os que lutam pela soberania do país, pela democracia e pelos direitos humanos, os refugiados e os povos vizinhos que, generosamente, dão a resposta possível a esta grave e inaceitável crise humanitária.

Nos últimos dias, o futebol uniu-se e provou que nos momentos decisivos sabemos dar o exemplo. A FIFPro tem desempenhado um papel muito importante no processo de resgate de jogadores em território ucraniano e não posso deixar de particularizar o Sindicato de Jogadores da Ucrânia, na pessoa do Sergey Belebeyev, que tem mantido um incansável discernimento e vontade para continuar a missão de ajudar os atletas que procuram sair do país.

Entre os sindicatos vizinhos, destaco os nossos colegas da Roménia que apoiaram, em articulação com a federação local, dezenas de jogadores, incluindo o nosso Nélson Monte. O trabalho é longo para a tutela do futebol mundial, há questões contratuais importantes a definir, o futuro imediato das relações laborais em vigor e um regime, excecional, de inscrições que, certamente, vai ser necessário conceber para quem se viu forçado a abandonar o país.

Politicamente, FIFA e UEFA deram um sinal importante ao suspender a participação da seleção e equipas russas das suas competições, em defesa de uma causa civilizacional, em respeito pelo povo ucraniano, mas também pelos atletas russos que enfrentariam um contexto desportivo e um ambiente no qual o jogo de futebol era o mero pretexto para a condenação desta barbárie da qual, estou certo, também eles muito têm sofrido. Tudo isto está acima do futebol, mas, ainda assim, temos sabido responder à altura.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (1 de março de 2022)

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