Os danos colaterais do conflito


Ao escrever este texto, ainda não é oficial a tomada de posição da FIFA relativamente à situação contratual dos jogadores que se viram obrigados a fugir da guerra na Ucrânia, nem da legitimidade que terão aqueles que permanecem na Rússia para sair do país e prosseguir as suas carreiras noutros clubes.

Mesmo com a situação clarificada e o mercado de transferências reaberto, é certo que, com grande parte da época decorrida, muitos jogadores não encontrarão solução e enfrentarão alguns meses de desemprego.

Sem perder de vista aquele que tem sido o trabalho mais importante e para o qual a solidariedade e humanismo da população europeia, em especial nas zonas de fronteira, têm sido excecionais, é certo que, dos aproximadamente quatrocentos futebolistas estrangeiros que jogavam na Ucrânia, em diferentes escalões e com realidades financeiras muito distintas, sem esquecer os nacionais recrutados para a guerra, uma grande percentagem não encontrará clube em 2021/2022.

Posso adiantar que a FIFPro já apresentou uma proposta à FIFA para a criação de um fundo que apoie financeiramente os jogadores afetados por esta situação, medida fundamental para mitigar os danos colaterais de um conflito cada vez mais sangrento.

Sem perder de vista o tema do momento, duas notas preocupantes, a primeira para a violência nos recintos desportivos. Em Portugal, temos a registar mais um episódio degradante, desta vez em Gondomar, mais um exemplo de que o fanatismo e a falta de cultura desportiva perpassam qualquer escalão ou faixa etária.

Na mesma linha, somos oficialmente os piores da Europa em paragem de jogo por faltas, sinónimo da cultura instalada desde o banco de suplentes aos relvados e não um problema exclusivo da nossa arbitragem ou das sanções aplicáveis.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (8 de março de 2022)

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