A sobrecarga e o fim da época


A época desportiva 2021/2022 foi a primeira que decorreu com a normalidade possível neste contexto de pandemia. Quero, por isso, salientar o profissionalismo e a dedicação dos jogadores nas mais diversas competições nacionais, com calendários competitivos que representaram enormes desafios para a capacidade de recuperação e prevenção de lesões.

Em especial para jogadores que conjugam no seu calendário os jogos das respetivas equipas e seleções nacionais, a tendência, após algum abrandamento na fase crítica da Covid-19, é para o crescimento do número de jogos, com tudo o que tem associado: mais viagens, menos tempo de recuperação entre jogos e menor capacidade para programar os períodos de repouso, físico e mental, nomeadamente férias.

O mais recente relatório da FIFPro, sobre os indicadores de sobrecarga nos jogadores, demonstra bem o impacto do maior número de jogos nacionais e internacionais, com vários exemplos de atletas que percorreram o equivalente a cinco voltas ao mundo desde que este estudo começou a ser realizado, em 2019.

Um problema que merece reflexão, sobre o qual jogadores e treinadores estão em sintonia, e que exige ponderação entre a sustentabilidade económica da indústria, alinhada com a saúde e bem-estar dos atletas, determinante para a qualidade do próprio espetáculo desportivo.

Quero, ainda, dar os parabéns à equipa feminina do Sporting CP, que conquistou a Taça de Portugal, e aos vencedores dos playoffs de acesso à I e II Ligas, GD Chaves e SC Covilhã. Uma nota de apreço para os jogadores do Moreirense e do Alverca que nestas eliminatórias lutaram até ao último minuto pelos seus objetivos, mesmo numa fase da época onde o desgaste pelo acumular de jogos já era muito grande.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (31 de maio de 2022)

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