Sonhos e cautelas


Na semana passada, a FIFPro, organização mundial que o Sindicato dos Jogadores integra, deu a conhecer um alerta sobre países problemáticos devido à violação de direitos e garantias laborais dos jogadores. Turquia, Roménia, Grécia, China, Argélia, Arábia Saudita e Líbia foram os países destacados pela negativa.

Além do incumprimento de salários ou acordos de pagamento, alguns destes países têm histórico de clubes que recorrem a processos de insolvência, que culminam, recorrentemente, na impossibilidade de cobrança dos créditos. Outros, multiplicam conflitos com jogadores estrangeiros, impedindo a sua desvinculação e abandono do país, por exemplo, através da retenção do passaporte.

Jogar no estrangeiro, mesmo nas segundas ligas de alguns países, é para muitos jogadores a derradeira oportunidade de cumprir o sonho, atingir um patamar remuneratório superior àquele que têm em Portugal e utilizar a oportunidade como trampolim para as principais ligas.

Vivemos num mundo globalizado, onde a informação está acessível a todos. Faço, por isso, o apelo à maior cautela dos jogadores na identificação do clube e competição, dos intermediários envolvidos na proposta e dos termos contratuais apresentados.

O Sindicato permanece disponível para fazer uso da sua rede de contactos internacionais e identificar, pela experiência que existe de situações anteriores, as propostas que comportam um risco justificado de incumprimento. Não esquecemos, igualmente, o panorama nacional, sendo este o período da composição dos plantéis e, como tal, dos atropelos a garantias laborais, pressão para celebração de acordos, renovações ou empréstimos, afastamento dos grupos de trabalho e comunicações de dispensa. Continuaremos atentos.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (12 de julho de 2022)

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