Cristiano, cidadão pleno
A permanência de Cristiano Ronaldo em Manchester tem alimentado especulações e conversas de bastidores neste verão, multiplicando notícias e relatos internos que quase sempre passam ao lado da realidade.
Aos 37 anos e com um percurso estratosférico, tendo resultados e provas dadas quanto à dedicação e máxima exigência nos clubes que representa, Cristiano tem legitimidade para ponderar e debater o seu futuro profissional como entender. Cristiano sempre fez as suas escolhas e assumiu as consequências. Desta vez não será diferente.
Independentemente disso, nunca deixou de dialogar com o clube, o que se saúda. Por mais atrativa que seja a história de uma potencial mudança de clube e fáceis juízos moralistas, nada de verdadeiramente preocupante existe nesta situação.
Devem preocupar antes os casos em que não existe diálogo e em que o jogador, independentemente do valor pelo qual foi contratado ou do percurso na equipa, é alvo de verdadeira chantagem, pondo-se em causa não apenas os seus direitos como o sucesso da carreira desportiva.
Em suma, o que é inaceitável é anular a liberdade de escolha de um jogador. Será uma janela de transferências longa, que procura ajustar-se às necessidades competitivas e ao contexto económico atual, numa época diferente, com um Campeonato do Mundo integrado no período de inverno e em que clubes e jogadores procuram fazer as suas escolhas.
Por cá, está dado o pontapé de saída com a Supertaça, um jogo bem disputado que terminou com a vitória inquestionável do FC Porto, a quem endereço os parabéns, na pessoa do capitão de equipa, Pepe, treinador, Sérgio Conceição, e presidente, Pinto da Costa.
Destaco o ritmo competitivo e a entrega dos jogadores, que proporcionou um excelente jogo. É este o ambiente de exigência e respeito mútuo que espero vir a prevalecer ao longo do campeonato, valorizando e promovendo o futebol português.
Artigo de opinião publicado em: jornal Record (2 de agosto de 2022)