Obrigado, Chalana


Partiu o "Pequeno Genial", enorme jogador, com um talento muito especial, marcante pela simplicidade com que brilhava dentro de campo e descrevia a paixão por aquilo que fazia, fora dele.

O futebol português uniu-se na última homenagem a uma figura singular, marcante, transformadora na forma como conseguiu mostrar ao mundo todo o potencial do jogador português.

Tal como Eusébio o fizera, Chalana deixou rendidos os colegas de equipa, inspirou muitos jogadores das gerações seguintes a darem os primeiros toques na bola e já noutras funções deixou sempre transparecer uma mística própria dos grandes atletas, que não deixava ninguém indiferente.

Aliás, foi particularmente tocante perceber o carinho com que muitos dos atuais craques, que conviveram com ele em idade de formação, descreveram esse lado inspirador e motivacional, próprio de quem viveu momentos de glória, mas também fases muito difíceis, num tempo em que era impensável falar das necessidades dos jogadores fora das quatro linhas.

Ao ver hoje, pelas mais diferentes ligas europeias, tantos talentosos jogadores a singrar e dignificar o nosso país, sei que falo por todos eles quando afirmo que Chalana foi alguém que deu muito mais ao futebol do que as fintas ou os golos. Faz parte da nossa essência e afirmação. Será lembrado, com grande saudade, por todos.

Esta semana fica, ainda, marcada por um gesto simbólico da Liga e associações de classe na luta contra o ódio, o desrespeito e a violência, sendo o futebol manifestamente um meio amplificador do que se passa na sociedade em geral. Não devemos, por isso, esquecer o dever dos agentes do futebol em juntar a ações pedagógicas como esta o exemplo dado a cada semana, mostrando respeito, profissionalismo e fair play. 

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (16 de agosto de 2022)

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