O inimigo silencioso


O caso de Nathan Baker, ex-jogador do Bristol City, ajuda-nos a compreender que a concussão cerebral é um problema sério, também no futebol, e merece articulação institucional para a tomada das melhores decisões, desde logo medidas preventivas.

Hoje existe informação científica razoável sobre o impacto a curto prazo e o tempo mínimo de recuperação, o que tem permitido sensibilizar a comunidade desportiva para a importância de identificar adequadamente a lesão, remover o jogador do terreno de jogo ou campo de treinos imediatamente - ainda que a sua perceção seja de disponibilidade física para continuar - e dar ao corpo o tempo necessário a uma recuperação bem-sucedida, quando a própria severidade da lesão não impede o atleta de continuar.

Sendo este um inimigo silencioso, merece o maior cuidado e investimento ao nível da investigação, na ligação com outros efeitos de longo prazo, como é o caso da demência. Tudo em defesa de um protocolo eficaz, que não se resuma a permitir uma substituição extra, mas garanta que staff médico, em ligação com profissionais independentes, os chamados 'spotters', possam errar cada vez menos no diagnóstico e melhorar a capacidade de resposta.

Duas notas finais para congratular as equipas do SL Benfica, justo vencedor, e do Sporting CP, digno vencido, da Supertaça Feminina, num grande jogo de futebol, marcado pela qualidade do jogo, respeito e fair play entre as participantes. De igual forma, um sentido agradecimento ao magistral Prof. José Neto, que tirou um pouco do seu tempo para dar aos participantes do 20.º Estágio do Jogador uma preciosa palestra sobre motivação. Um homem sábio, bom e corajoso, que tem ajudado ao longo dos anos muitos jogadores a ir além das suas expectativas. Bem-haja.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (30 de agosto de 2022)

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