Tempo útil de jogo


A época 2022/2023 ficará, indiscutivelmente, marcada pelo debate em torno do tempo útil de jogo, sendo claras as instruções dadas às equipas de arbitragem para que procurem aumentar este índice. Um dos reflexos tem sido a concessão de períodos de descontos mais alargados, em comparação com aquilo que vinha sendo praticado.

Foi bastante interessante a diversidade de pontos de vista que o Football Talks promoveu, juntando a João Marcelino três perspetivas diferentes, a do mister Rui Vitória, a do árbitro Luís Godinho e a de Tarantini, na ótica do jogador. Antes, já o presidente da UEFA tinha afirmado que não está no horizonte de medidas a tomar cronometrar os jogos, ao estilo do basquetebol, por exemplo, com tudo o que isso implicaria no aumento do tempo necessário para a realização do jogo e o impacto no próprio espetáculo.

Gostei bastante da forma pragmática com que cada um dos oradores abordou o tema, defendendo uma cultura desportiva alicerçada na vontade dos intervenientes em jogar de forma mais intensa e com menos quebras. Reconhecendo algum romantismo que por vezes é contraproducente no tema, ouvi com particular atenção a opinião de Rui Vitória quando referiu que o ideal não é corrigir sistematicamente as quebras do jogo com nove, ou dez minutos de compensação, com o desgaste adicional que se fará sentir ao longo da época, num contexto de calendários sobrecarregados, mas que as medidas implementadas permitam trazer noventa minutos de maior intensidade, aceitando as paragens normais e compensando-as com um número de minutos razoável. No fundo, trabalhar para um melhor espetáculo.

Termino com uma mensagem de parabéns à Associação de Futebol do Porto, que ao longo de 110 anos de existência tem sabido contribuir para a pluralidade e dinâmica do movimento associativo.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (13 de setembro de 2022)

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