O futebol que nos (des)une!


A época 2022/2023 não começou da melhor forma no que à violência, intolerância e manifestação de ódio no futebol português diz respeito. Infelizmente, traduz uma tendência espelhada na falta de educação, ética e valores, não só em relação à prática desportiva, mas relacionada com a convivência humana.

Reitero a minha solidariedade com Mehdi Taremi, face aos ataques sistemáticos à sua conduta profissional, sendo por demais evidente que o tema terá tanta mais força quanta aquela que alguns lhe quiserem dar. Apelo ao bom senso e respeito pelo jogo e pelos seus protagonistas, que tem vindo a perder-se com o tempo, com o distanciamento entre os diversos intervenientes e a crise de valores éticos e deontológicos que vivemos.

Os jogadores estão cansados de ataques direcionados, tentativas de manipulação da opinião pública e apelos ao ódio, gratuitamente realizados nas redes sociais. Se quem pergunta e entrevista tem o direito e a liberdade de perguntar, isso parece-me indiscutível, deve também ter em conta que quem está do outro lado não só tem o direito a não responder, como a ficar, naturalmente, menos predisposto a participar ativamente no futuro.

É extremamente difícil encontrar bom senso, mas é possível. Coincidimos todos na necessidade de campanhas e ações pedagógicas, mais celeridade e eficácia, mas, mais importante, são as consequências práticas para quem viola descaradamente a lei. É também preciso que os agentes desportivos tenham consciência de que os seus atos e as suas palavras têm consequências, e tanto podem inspirar positiva como negativamente os adeptos. Exige-se bom senso, fair play e contenção.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (20 de setembro de 2022)

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