E após 2022?


Nesta última crónica de 2022, ano do 50.º aniversário do Sindicato dos Jogadores, faço um balanço positivo e otimista, apesar de todas as dificuldades deste ano, marcado pela ameaça de uma crise financeira mundial, com consequências ainda imprevisíveis.

O futebol continuou igual a si mesmo, uma indústria forte que procura reinventar os quadros competitivos na tentativa de aumentar receitas, sem afetar a essência e qualidade do produto. Alargar os quadros competitivos internacionais e continuar a aumentar o número de jogos para uma franja de futebolistas de elite que jogam cada vez mais partidas, em períodos que comprometem a sua recuperação física, saúde, bem-estar e, muito provavelmente, a qualidade do próprio jogo, contrasta com a falta de vontade em rever mecanismos de licenciamento e redistribuição das receitas, criando este ambiente único e frustrante em que, na base da pirâmide, continuamos sem conseguir resolver os problemas crónicos da precariedade e incumprimento, que tanto comprometem a integridade das competições.

Registam-se os compromissos para um modelo de contratação coletiva para o futebol mundial, apoiado pela OIT, em que as relações laborais desportivas se possam reger, independentemente da zona do globo, por condições mínimas negociadas com a garantia do equilíbrio de forças e representatividade. Entrámos numa fase de sensibilização dos futebolistas para a forma como são produzidos e utilizados os seus dados e estatísticas, reposicionando-se na gestão dos mesmos.

E por falar em dados, Portugal acaba o ano com uma boa notícia acerca da valorização dos nossos jogadores. Parabéns aos nossos Diogo Costa, Bruno Fernandes, Bernardo Silva, António Silva e Nuno Mendes pelas nomeações para os prémios da IFFHS. A vossa geração promete!

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (27 de dezembro de 2022)

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