Travar incumprimento


Habitualmente, na segunda metade dos campeonatos, os clubes, em função dos resultados desportivos, ora investem na remodelação dos plantéis, ora atrasam ou deixam de cumprir com as suas obrigações salariais.

Nas competições profissionais, muito por insistência e ação do Sindicato, o sistema de licenciamento e controlo salarial tem vindo a ser aperfeiçoado, garantindo maior estabilidade.

Nas competições não profissionais, apesar da melhoria dos mesmos mecanismos de licenciamento e controlo, não tem existido a mesma estabilidade das relações laborais.

Apesar do esforço articulado da Federação e Sindicato, que tem resolvido a maioria dos problemas, por um lado e, por outro, a ativação do Fundo de Garantia Salarial, continuam a verificar-se casos de incumprimento, com consequências graves para os jogadores e demais trabalhadores, clubes, competições e credibilidade do futebol português.

Tenho constatado que nesta realidade existem demasiados projetos com orçamentos claramente inflacionados face à realidade financeira e expectativas de receita dos clubes, a começar nos escalões distritais, o que inevitavelmente contamina os patamares superiores.

Pior se torna a situação quando a reação dos dirigentes aos problemas acontece apenas quando se encontram extremadas as relações com os seus atletas e demais staff, geralmente após denúncia e escrutínio público.

É, assim, fundamental, um esforço conjunto para sinalizar os clubes com projetos desproporcionados, reforçando as exigências do licenciamento e escrutinar a idoneidade dos investidores.

Paralelamente, é necessário exigir que os clubes comuniquem às entidades competentes as suas dificuldades, para que estas possam, de forma mais eficaz, encontrar soluções, e, acima de tudo, permitam que os atletas não fiquem em situação precária.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (10 de janeiro de 2023)

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