Violência e discurso de ódio


Embora seja um tema amplamente tratado a nível político e legislativo, com avanços pontuais, são muitos os problemas relacionados com a violência e o discurso de ódio que proliferam a uma velocidade bastante mais rápida do que aquela a que se consegue identificar e punir os responsáveis.

Exemplos muito recentes como o de Lukaku, vítima de insultos racistas vindos da bancada no clássico Inter-Juventus ou de Galeno, também vítima de insultos racistas e mensagens de ódio nas redes sociais, após o clássico Benfica-Porto, a quem aproveito para deixar uma mensagem de solidariedade, refletem um ambiente cada vez mais comum e o quão difícil é fazer a pedagogia do respeito e fair play, desde os escalões mais baixos, quando nos principais palcos sucedem episódios desta natureza.

A tecnologia tem trazido alguns benefícios, seja nos meios para identificação dos autores destes atos, seja na monitorização do discurso de ódio, como recentemente FIFA e FIFPro testaram no Mundial do Qatar, ao implementar uma ferramenta online que permitiu aos atletas reportar e bloquear o acesso a utilizadores de redes sociais para propagação de insultos e mensagens de ódio.

Por mais perfeitas que sejam as ferramentas, o trabalho nunca está completo. Jogadores, treinadores, árbitros, dirigentes, adeptos, todos os que prezam o desporto têm de dialogar, partilhar conhecimento e evitar a desvalorização dos problemas que tendem a acontecer sempre que é posta em causa a imagem ou reputação de um destes intervenientes.

Julgo que o desporto tem de abrir este problema à sociedade, convocar diferentes áreas de atuação, da sociologia à investigação criminal e segurança interna. Vivemos numa sociedade em transformação, saturada de reformas que nunca chegam a acontecer e o futebol, infelizmente, é um reflexo disso.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (11 de abril de 2023)

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