A pensar no ranking


A descida no ranking da UEFA e o impacto financeiro que deriva da perda de receitas pela participação na Liga dos Campeões motivaram comentários de diferentes quadrantes, coincidentes na necessidade de apostar em medidas que garantam a competitividade com os principais mercados europeus.

Existem múltiplos desafios para Portugal, que tem sabido investir na formação e valorizar jovens jogadores para a realização de mais valias com as suas transferências para as principais ligas europeias, além de beneficiar das qualidades técnicas e humanas dos nossos jogadores e equipas técnicas.

A geração de receitas continua a esbarrar na dificuldade em encontrar mecanismos eficazes de redistribuição, com o célebre debate da centralização de direitos televisivos à cabeça, destinados não apenas a melhorar a qualidade global dos jogos, mas também a capacidade de investimento em infraestruturas e a experiência global do futebol português, capaz de gerar a confiança dos adeptos e investidores.

Temos um mercado em que as comissões pagas no espaço de um ano a intermediários atingiram um recorde de 82,5 milhões de euros, mas os salários mínimos fixados para jogadores mantêm-se há anos inalterados.

Muito se fala de profissionalização, mas encontramos, ainda, resistência para a implementação de regras de licenciamento e controlo do cumprimento das obrigações basilares. É difícil promover o diálogo, para uma estratégia a pensar no ranking, que sacrifique os protagonistas desta indústria, como acontece, por exemplo, com a proposta de revisão da lei dos acidentes de trabalho. Falta-nos espírito e capacidade agregadora.

Esta semana quero, ainda, deixar um forte abraço e as minhas sentidas condolências ao Stephen Eustáquio e à sua família.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (18 de abril de 2023)

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