Sinais positivos


Os acontecimentos da última semana, em relação ao caso BSports, culminaram na criação de um grupo de trabalho pelo Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, englobando o SEF, várias organizações do desporto, diferentes setores governamentais e organizações que apoiam vítimas de tráfico de seres humanos.

Neste encontro foi possível regressar ao tema que me parece essencial: a necessidade de tomar medidas que ataquem este fenómeno, mas ajudem, ao mesmo tempo, a proteger as vítimas, não apenas aquelas que caem nas redes de tráfico, mas também as que são exploradas ou abandonadas em esquemas de auxílio à imigração ilegal e burla.

O Sindicato gostaria de ver, desde logo, uma responsabilização política de todos os dirigentes e agentes com responsabilidade no desporto, através de um escrutínio da sua idoneidade que passe pelo registo de uma declaração de interesses sobre todos os negócios e ligações pessoais ou familiares ao setor desportivo.

Continuamos a vincar a necessidade de garantir uma articulação eficaz entre as diferentes organizações. Destaco, entre os intervenientes menos habituais que temos de trazer para esta resposta integrada, as autarquias, que podem ajudar a melhorar o rastreamento que é feito, seja das academias seja dos clubes locais, através do acompanhamento da sua atividade.

Muitos clubes sinalizados dependem de financiamento ou contratos para utilização de instalações municipais, ou simplesmente são dotados do estatuto de utilidade pública, pelo que têm o dever de capacitar quadros para atuar na prevenção e fiscalização desta realidade. Aquilo que espero deste grupo de trabalho é que as preocupações dirigidas ao Governo numa carta escrita pelo Sindicato em 2021 se traduzam, agora, num compromisso de todas as organizações envolvidas para criar canais de comunicação e respostas no terreno absolutamente claras.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (20 de junho de 2023)

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