Navegadoras

A Seleção concretizou um marco histórico para o futebol feminino em Portugal, entrando em campo, pela primeira vez, num Campeonato do Mundo. O orgulho sentido por todos os que acompanham a modalidade é inexplicável e esteve bem patente no rosto de cada jogadora durante o momento simbólico em que escutaram o hino nacional.
Cada membro da delegação presente na Austrália e Nova Zelândia representa anos de progresso, a diferentes velocidades, na quebra de estigmas sociais relacionados com a participação de mulheres no desporto, no alargamento da base de recrutamento, na melhoria das infraestruturas, na maior promoção e divulgação da modalidade, na capacitação de recursos humanos para dignificar uma área que tem um potencial de diversificação e crescimento enormes.
A participação neste Mundial não é apenas uma vitória de todas as jogadoras que contribuíram para a qualificação, da equipa técnica, staff e estrutura diretiva da Federação. É uma vitória dos clubes envolvidos neste projeto coletivo e das famílias que, de norte a sul do país, enfrentam os desafios logísticos e financeiros para acompanhar as suas filhas ou familiares em treinos e jogos, tantas vezes em horários difíceis de conciliar e por campos que não apresentavam as melhores condições.
O futuro, não tenho dúvidas, é risonho, exige que a mudança não termine aqui, que continuemos a quebrar barreiras para garantir o reconhecimento do mérito, do talento, da criatividade e capacidade de superação. A realidade portuguesa ainda é distante daquela que encontram as jogadoras de outras seleções presentes neste Mundial, mas nada disso nos impede de sonhar e continuar a acreditar no trabalho incrível que está a ser desenvolvido pelas nossas navegadoras. Vamos com tudo. Força Portugal!
Artigo de opinião publicado em: jornal Record (25 de julho de 2023)