A sobrecarga competitiva chegou para ficar


O tema da sobrecarga competitiva é um dos mais complexos de resolver no atual calendário do futebol internacional, apesar de partirmos de uma premissa bastante simples: existem evidências claras de que os jogadores de futebol de elite estão a realizar um número de jogos por época que coloca em risco não apenas a sua melhor performance, mas sobretudo a saúde física e mental.

Com o renovado formato da Liga dos Campeões, um Mundial de Clubes e todas as outras provas que têm de ser compatibilizadas a nível nacional, sobra muito pouco espaço para prevenir o que, infelizmente, aconteceu recentemente a jogadores como Gavi, Camavinga ou Haaland. A adequada compensação financeira dos clubes por estas lesões dos seus atletas não é o ponto de reflexão, o que se exige da parte dos organizadores das competições é um maior envolvimento dos jogadores no processo de decisão relativo a calendários, apoiados nas recomendações científicas sobre a gestão adequada deste tema.

Não é possível que jogadores e treinadores falem praticamente a uma só voz no sentido de alertar para este fenómeno e os restantes atores desta indústria não estarem dispostos a debater e promover algumas medidas que possam ajudar a mitigar os danos. Para sustentar o seu posicionamento, a FIFPro tem vindo a desenvolver um estudo, denominado "Player Workload Report", que congrega uma análise ao número de jogos, aos períodos de recuperação e descanso, bem como as viagens ou deslocações ao longo da época desportiva.

Não esquecemos que do outro lado deste frágil ecossistema existe o fenómeno oposto. Jogadoras e jogadores que reclamam mais oportunidades de competir e competições que se encontram subdesenvolvidas, maioritariamente por causa da sua rentabilidade. Será um tema que continuará forçosamente na agenda, à medida que o futebol e a forma como é consumido pelo público também se vai alterando.

Esta semana quero, ainda, dar os meus parabéns ao Record pela organização da Gala das Campeãs, uma iniciativa de homenagem e celebração do desporto feminino. O Sindicato dos Jogadores agradece a oportunidade para participar neste evento, através da organização da votação do melhor 5 no futsal e do melhor 11 no futebol. Desejo que a noite do próximo dia 27 de novembro de 2023 seja memorável para todas as atletas distinguidas e um justo reconhecimento do talento e dedicação que define estas modalidades em Portugal, capaz de se desenvolver sem que tenha, tantas vezes, os recursos adequados.

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