Franque: legado e gratidão


O Sindicato dos Jogadores propôs à Assembleia-Geral da FPF a atribuição da categoria de sócio de mérito a Alfredo Ranque Franque, tendo sido aprovada por unanimidade.. Quisemos fazê-lo porque o Franque é uma figura incontornável da instituição. Um homem sério e generoso que durante anos fez, com enorme alegria, o primeiro contacto com os futebolistas em Portugal.

Aos 71 anos, e já aposentado, mantém a boa forma, continuando a acompanhar as atividades que desenvolvemos no Campus do Jogador. O Franque é verdadeiramente uma instituição dentro da instituição. Desempenhou várias funções, entre as quais a de delegado na Assembleia-Geral da FPF, em representação dos jogadores profissionais. Tem sido um embaixador da lusofonia e preserva histórias e memórias de grandes figuras do futebol português que davam para escrever um livro. Quem sabe se um dia destes não nos dedicaremos a essa tarefa. Teve a felicidade de encontrar um propósito, após terminar a sua carreira desportiva e, como homem do Sindicato, tem sido mais do que um camarada, um verdadeiro irmão.

Considero exemplar a forma como se relacionou com jogadores de diferentes gerações, treinadores, dirigentes de clubes, da FPF ou da Liga, jornalistas e muitas outras personalidades. Faz parte de uma geração que deu muito ao futebol, que enfrentou condições laborais e desportivas adversas e não teve os apoios que foram sendo criados para as gerações seguintes. Neste gesto simbólico, demonstramos a nossa gratidão e aproveitamos para lembrar os muitos ex-jogadores que passam atualmente por dificuldades, a nível financeiro, no acesso à reforma, marginalizados ou isolados, principalmente aqueles que não tiveram a felicidade de garantir uma segunda atividade profissional estável ou um bom suporte familiar.

Em fim de semana de clássico para a Supertaça e não conhecendo ainda o resultado final, no momento em que fecho este texto, espero acima de tudo que o duelo marque um excelente início de temporada. Para Sporting e FC Porto será o início de um novo ciclo, sem dois capitães de equipa e referências como Coates e Pepe. O seu tempo passou demasiado rápido, mas estes dois gigantes garantiram lugar na história do futebol português.

Que seja o pontapé de saída para uma época 2024/25 onde prevaleça o respeito, o fair play e a estabilidade para os jogadores e jogadoras que abraçam esta maravilhosa profissão. Aquilo que vou percebendo em relação à situação financeira de alguns clubes leva-me a recomendar ponderação desde os primeiros momentos da época, na gestão do mercado e construção dos plantéis. Os jogadores querem e merecem mais estabilidade.

Termino com uma mensagem de parabéns aos atletas já diplomados e, em especial, à Patrícia Sampaio, que nos garantiu a primeira medalha olímpica em Paris. Com a realização de um sonho, contagiou o país inteiro.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (4 de agosto de 2024)

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