FIFPRO e a defesa dos protagonistas
Desempenhei várias funções internacionais ao longo dos últimos anos, em representação da FIFPRO, mas a recente integração no Board mundial é motivo de especial orgulho e satisfação.
Na última Assembleia-Geral que teve lugar na Indonésia, além de ter sido reforçada a união entre os 70 sindicatos-membros, foi também consagrada a escolha de um novo líder, Sergio Marchi, colega argentino que terá como missão unir e defender com paixão os direitos e interesses dos jogadores a nível mundial. A presidência não podia estar melhor entregue, a alguém que não deixará de salientar o papel central que os futebolistas têm de ter nesta indústria.
Esta Direção terá o desafio de liderar os destinos da organização num momento importante, em que se antecipam mudanças no sistema de transferências provocadas pela decisão no "caso Diarra" e pela tomada de posição sobre os calendários internacionais, que exige uma intervenção séria, não apenas para defender a saúde e bem-estar dos jogadores de elite, mas também para garantir a sobrevivência de ligas nacionais e muitos postos de trabalho que serão colocados em causa se não houver concertação social e mecanismos de solidariedade bem estabelecidos.
É com grande sentido de responsabilidade que assumo a representação de Portugal neste órgão, sentindo-me grato pelo reconhecimento do trabalho que a minha equipa tem vindo a desenvolver a nível nacional. Seguimos unidos, com sentido de missão e sabendo que não estamos apenas empenhados nas causas dos jogadores das grandes equipas. Estamos ao lado daqueles que mais precisam e enfrentam as condições de vida precárias. É com esse desígnio que nos mantemos fiéis a uma identidade que é reconhecida pelos nossos congéneres.
No imediato, a FIFPRO enfrenta o desafio de confrontar a FIFA e demais confederações sem deixar de promover a concertação social, com o envolvimento dos representantes de Ligas e clubes. Após uma reforma estatutária e de um processo de modernização dentro da organização, estamos no caminho certo para ser respeitados na execução destas tarefas.
Quero, ainda, deixar um enorme abraço ao Fransérgio, que interrompeu a carreira para apoiar e dedicar-se à família, em particular ao seu filho. O futebol é de facto a coisa mais importante das menos importantes, como ele referiu, e não existe sacrifício que valha realmente a pena se não sentirmos que os nossos estão realmente bem. Um grande exemplo de coragem, a quem só posso prestar a minha homenagem e demonstrar total disponibilidade para aquilo de que precisar no futuro.
Artigo de opinião publicado em: jornal Record (1 de dezembro de 2024)