Pequenos grandes passos


O Euro'2025 será mais um momento importante para o crescimento e afirmação da Seleção portuguesa, ficando também marcado por constituir um momento de especial aproximação da UEFA às legítimas reivindicações das jogadoras e sindicatos representantes, no que respeita à distribuição das receitas deste torneio.

Longe vão os tempos em que o produto futebol feminino não era atrativo ou comercializável. Ainda assim, podia continuar tudo igual no que respeita aos mecanismos de redistribuição de receitas e à baixa valorização do papel das atletas e clubes que, nas diferentes ligas europeias, alimentam o patamar de elite.

Se é certo que as líderes das seleções em prova estiveram mais unidas que nunca nas legítimas reivindicações sobre as condições de participação, é de elementar justiça enaltecer o trabalho desenvolvido pela FIFPRO e, em particular, pela responsável pelo futebol feminino, Alex Culvin, apoiada pela Divisão Europa, liderada pelo meu colega David Terrier, fez a justiça acontecer.

No âmbito da cooperação estratégica com a UEFA, 30% a 40% do prémio global recebido pelas federações participantes no torneio reverterá a favor das jogadoras, sendo ainda limadas algumas arestas que geraram desigualdade de tratamento aquando do Mundial, nomeadamente o respeito por acordos nacionais já existentes, que devem atuar em complemento e não em subtração ao que é garantido por este acordo internacional. Pequenos grandes passos na afirmação do futebol feminino e boas práticas a seguir para valorizar profissional e pessoalmente as nossas atletas.

Outro sinal muito positivo foi dado Governo português, que anunciou um reforço da ajuda financeira ao desporto em 65 milhões de euros, focando-se particularmente nas infraestruturas e inovação, mas também no apoio ao alto rendimento, ao nível da formação dos atletas e promoção das carreiras duais. Um gesto importante que não posso deixar de enaltecer, na expectativa de que o parque desportivo seja renovado, os clubes beneficiem de melhor oferta e recursos humanos para apoiar os seus atletas e estes tenham apoios palpáveis na compatibilização das suas carreiras com um projeto de vida que possa assegurar os desejados resultados desportivos, mas, acima de tudo, uma transição bem-sucedida para o projeto de vida que decidam seguir.  

Desejo um feliz Natal a toda a equipa e leitores do Record, bem como aos nossos jogadores e jogadoras que, diariamente, alimentam a verdadeira magia do futebol. Paz, saúde e prosperidade a todos.

Artigo de opinião publicado em: jornal Record (22 de dezembro de 2024)

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