A crise e as oportunidades!
A propósito da dimensão da crise muitos perspectivaram oportunidades para o País e para o futebol. Quais oportunidades?
Com efeito, as medidas anunciadas pressupunham um ajustamento ao qual o desporto não seria alheio. Mais se convenceram os portugueses que o seu esforço seria exigido a todos e que as medidas teriam consequências positivas.
Afinal, constata-se que, além de não resolverem, agravaram os problemas e penalizaram os mais vulneráveis e os rendimentos do trabalho.
Nestas circunstâncias e após o anúncio do aumento da Taxa Social Única dos trabalhadores de 11 para 18 por cento os portugueses decidiram dar um murro na mesa e ser “activos” no futuro de Portugal. As reacções (na rua ou não) sucederam-se e não há ninguém indiferente.
Assim, também o desporto, e o futebol em particular, deve assumir-se. O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol fê-lo de imediato. Não estamos reféns da ideia que alguns erradamente insistem em promover de que os futebolistas são uns privilegiados. Esses não conhecem ou não querem falar do país desportivo. Limitam-se a hipocritamente a criticar algumas transferências milionárias e a tentar associar todos a uma realidade excepcional. Essa, todos sabemos, não é a realidade do futebol português nem é a realidade dos futebolistas portugueses, antes pelo contrário. Infelizmente, com falsos argumentos, progressivamente atingiu-se toda a classe.
Pois bem, é hora de os jogadores também serem activos na defesa dos seus direitos. À semelhança dos demais cidadãos, estas medidas também os atingem. À semelhança dos demais cidadãos é preciso reagir com sentido de responsabilidade.
10.º Estágio do Jogador
A propósito da crise e das dificuldades, o Sindicato, através desta acção de responsabilidade social, mobilizou 88 jogadores. De facto, dos 46 jogadores que participaram no Norte, 21 arranjaram clube e dos 42 que estiveram nos trabalhos no Sul, 19 conseguiram rubricar um contrato de trabalho. No total, e até à data em que escrevo este editorial, 40 vincularam-se a clubes de Norte a Sul do País e até no estrangeiro (Gabão e Moldávia).
Entretanto decorreram 10 edições desde o primeiro evento (2002). Mobilizámos jogadores, treinadores, médicos, fisioterapeutas… Com o apoio de vários parceiros e uma equipa fantástica estamos na primeira linha no apoio aos jogadores de futebol mais carenciados. Poucos se podem orgulhar de fazer tanto, com tão pouco, pelos protagonistas que alimentam uma indústria de milhões que há muito deixou de se preocupar com os seus problemas reais.