Cristiano Ronaldo – “Fernão Capelo Gaivota”
Quando Joseph Blatter, num momento particularmente infeliz, envolveu Cristiano Ronaldo em mais uma polémica para a qual ele não contribuiu, veio-me à memória o livro de Richard Bach – Fernão Capelo Gaivota.
Para quem não conhece o livro, é uma lição de vida sobre os nossos propósitos mais nobres. Sobre a capacidade de superação e sobre a diferença. Em síntese, o livro é a história de uma gaivota “diferente” das outras da sua espécie, que não se preocupa apenas em conseguir comida. Fernão Capelo preocupa-se em ir mais longe, preocupa-se com a beleza e em aperfeiçoar a sua técnica de voo.
Fernão Capelo é apaixonado pelo voo e, ao contrário das demais gaivotas do bando, é ousado e quer experimentar novos desafios, levando ao limite o seu esforço
Fernão Capelo Gaivota é um livro que fala sobre a sociedade humana. Aborda os nossos dogmas, preconceitos e diferenças. Mas fala, sobretudo, sobre a busca da perfeição. Fernão Capelo quer “voar mais alto, mais rápido e mais longe”.
Ora, esse objetivo encontra obstáculos no grupo, que não quer mudar, e como consequência, Fernão Capelo é banido do bando.
Sucede que as outras gaivotas começam a seguir Fernão Capelo, querendo ser como ele e aprender as suas técnicas, o que incomoda os mais anciãos do bando.
Regressando à realidade e ao fenómeno que é Cristiano Ronaldo, o problema é que também ele, como Fernão Capelo, busca a perfeição e para isso leva a sua profissão a sério. Entrega-se de corpo e alma, com uma enorme capacidade de sacrifício e superação. Ultrapassando todos os limites, surpreende-nos todos os dias com novos recordes.
Mas também ele, como Fernão Capelo, não é muitas vezes compreendido, sobretudo pelos mais velhos, que não querem a mudança.
Importa, pois, reiterar, a Joseph Blatter (FIFA) e a Michel Platini (UEFA), que há quatro anos, também tomou partido ostensivamente contra Cristiano Ronaldo, que sem prejuízo das suas opiniões pessoais, os presidentes da FIFA e da UEFA deveriam adotar uma posição de plena neutralidade e imparcialidade.
Os jogadores são, salvo melhor opinião, o património maior da FIFA, da UEFA, dos clubes e, em especial, do futebol. Como tal os representantes maiores dessas instituições deveriam, conforme é sua obrigação, defender um dos jogadores que globalmente mais contribui para o desenvolvimento e promoção da modalidade.
Quanto à personalidade de Cristiano Ronaldo, que não deixa ninguém indiferente, importa dizer o seguinte: o direito à diferença é um direito fundamental que deve ser proclamado pela FIFA e pela UEFA, não só por palavras mas, sobretudo pelos atos.
Termino afirmando que a culpa de Cristiano Ronaldo estar associado a esta discussão é, tal como Fernão Capelo, querer “voar mais alto” exercendo a sua profissão com brio profissional e sempre nos limites.
São estas as qualidades que merecem ser realçadas.