Não esqueças o meu nome
A grande área era o seu território. Matador implacável, Fernando Gomes foi um dos maiores goleadores portugueses do século XX.
Nascido em Campanhã, a 22 de Novembro de 1956, Fernando Gomes chegou ao FC Porto com 15 anos de idade. Nas camadas jovens coleccionou títulos e golos. A 26 de Agosto de 1974, pela mão do brasileiro Aimoré Moreira, estreou-se pela equipa principal dos portistas. Foi no Torneio Início da Associação de Futebol do Porto, frente ao Leixões. Poucos dias depois, a 8 de Setembro - na época de despedida de Eusébio -, debutou na I Divisão, contra a CUF. Marcou dois golos na vitória da sua equipa por 2-1.
Em 1976/77, ao apontar 25 golos sagrou-se o melhor marcador do campeonato. Feito que repetiria nas duas épocas seguintes - pelo meio conquistou o título de campeão nacional, contribuíndo para quebrar um jejum que durava 19 anos.
Já com o estatuto de grande goleador, em 1980, foi surpreendido pelo seu clube de sempre. Contra a sua vontade, o FC Porto, por 40 mil contos, negociou o seu passe com os espanhóis do Sporting de Gijon. Rumou às Astúrias e o seu primeiro jogo pela sua nova equipa não poderia ter corrido melhor: marcou os cinco golos na vitória por 5-0 ante o Oviedo. Mas, foi sol de pouca dura. Sofreu uma grave lesão no tendão de Aquiles e esteve parado quase toda a época. Na temporada seguinte marcou 11 golos em 23 jogos mas não era feliz. Queria regressar ao FC Porto. E voltou em 1982/83.
Nessa época marcou 36 golos e ganhou a sua primeira Bota de Ouro.
Voltou a sagrar-se melhor marcador europeu em 1984/85, com 39 golos, e desde então ganhou a alcunha de bibota de ouro. Tinha 28 anos.
Nos anos seguintes, Gomes continuou a facturar e em 1986/87 ajudou a sua equipa a vencer a Taça dos Clubes Campeões Europeus. Porém, o "bibota" falhou o jogo da consagração frente ao Bayern de Munique. Dias antes, num treino, de carrinho, rematou e fez golo. Depois, um grito de dor. Tinha partido a perna esquerda. E não esteve na memorável final do Prater.
Voltou aos relvados na época seguinte.
Manteve a veia goleadora, mas de forma inesperada, Tomislav Ivic, treinador do FC Porto, disse que Gomes estava "finito". "Encostado" pelo técnico, o ponta-de-lança ainda se aguentou nas Antas até à época seguinte até que, numa deslocação à Madeira – para um jogo com o Marítimo - Fernando Gomes teve uma acesa discussão com Octávio Machado (adjunto de Artur Jorge) e foi suspenso. Chegou inclusive a estar proibido de entrar nas instalações do clube. Como estava em fim de contrato não foi difícil adivinhar que o seu futuro não passaria pelo seu emblema de sempre.
Nos dois anos seguintes jogou no Sporting e a 2 de Junho de 1991 anunciou a sua retirada dos relvados.
Não pendurou as botas no clube do seu coração - a sua grande mágoa - mas continua a ser o melhor marcador de sempre nos azuis-e brancos. Afastado do futebol, mantém a relação afectiva com os sócios do clube e há quem diga que o seu futuro passa obrigatoriamente pela presidência do FC Porto.
Fernando Gomes, o bibota de ouro.