Manuel Fernandes

Muitos apelidam-no como o capitão dos capitães que já passaram por Alvalade. "O maior momento de glória da minha vida foi aquele em que vesti, pela primeira vez, a camisola do Sporting" disse, um dia, Manuel Fernandes.

Hoje é o treinador do ASA de Luanda. Mas se o seu corpo está em Angola, a sua alma não deixa de estar no covil do leão.

Nascido 5 de Junho de 1951, em Sarilhos Pequenos, Manuel Fernandes foi um dos maiores avançados portugueses. Deu os primeiros pontapés no clube da terra, o 1.º de

Maio Futebol Clube Sarilhense. Ainda com idade de júnior ingressou na CUF – além do futebol tinha um emprego na Companhia União Fabril. No ano de estreia no seu novo clube não jogou um minuto sequer na equipa principal. Na época seguinte alinhou em três jogos, não marcando qualquer golo. Até que começou a facturar: seis, em 1970/71, oito, na época seguinte, outros oito, em 1972/73, seis no ano posterior, e dez, em 1974/75. Pode não parecer muito mas Manuel Fernandes jogava quase sempre como extremo-direito.

Durante essas épocas foi ganhando o estatuto de estrela da companhia. FC Porto, Belenenses e Sporting tentaram contratá-lo. A todas as propostas disse não. Até que em 1975/76, não resistiu mais. Estava na hora de dar o salto. O FC Porto estava disposto a pagar-lhe mil contos de luvas. O Sporting dava menos. Esteve quase a assinar pelos dragões mas o coração de leão falou mais alto. Assinou pelo Sporting. Em Alvalade era visto como o substituto de Hector Yazalde (tinha saído para o Marselha). E não defraudou as expectativas. Na sua primeira temporada com a camisola leonina apontou 26 golos, em 29 jogos. Permaneceu em Alvalade durante 12 anos - nove dos quais como capitão.

Pelo meio sagrou-se duas vezes campeão nacional (1979/80 e 1981/82), ganhou duas taças de Portugal (1977/78 e 1981/82) e uma Supertaça (1981/82). Internacional em 31 ocasiões, "Manel" ficou magoado quando não foi convocado para as fases finais do Euro 84, em França, e do Mundial de 1986, no México. No caso do Campeonato do Mundo, o seu afastamento virou assunto nacional.

Embora já contasse com 34 anos no seu bilhete de identidade, sagrou-se o melhor marcador da I Divisão com 30 golos.

Mesmo assim José Torres não o seleccionou.  A época seguinte, a de 1986/87, foi a última que passou em Alvalade. O Sporting colocou-o na lista de dispensas. Antes, porém, teve tempo para deixar a sua marca. A 14 de Dezembro de 1986 marcou quatro golos na goleada de 7-1 que os leões infligiram ao Benfica. Meses mais tarde, a 7 de Junho de 1987, envergou pela derradeira vez a camisola "9" do Sporting.

Foi na final da Taça de Portugal frente ao Benfica (1-2). Mas, Manuel Fernandes não desistiu e rumou a Setúbal. Ali, no clube do Sado, reencontrou Malcolm Allison, seu treinador no título conquistado em 81/82. Marcou 16 golos em 28 jogos.

Nos últimos quatro jogos do campeonato acumulou as funções de jogador treinador do Vitória de Setúbal. Foi o início de uma nova era. Na época seguinte, no clube sadino iniciou a sua carreira como técnico a "full-time".

Acabou o campeonato na quinta posição. Seguiram-se passagens pela Ovarense, pelo Estrela da Amadora, pelo Sporting - como adjunto de Bobby Robson -, pelo Campomaiorense, outra vez pelo Setúbal, Tirsense e pelo Santa Clara dos Açores. Em 2000/01, regressou a Alvalade para substituir Augusto Inácio. No final da época voltou para o Santa Clara. Depois o Penafiel. Agora está em Angola, ao serviço do ASA de Luanda.

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