Matateu
O nome Sebastião Lucas da Fonseca pouco dirá a muitos, mas se falarmos de Matateu o caso muda de figura. São muitos os que afirmam, sem medos, que melhor que ele só Eusébio.

A história de Matateu começa numa tarde de 1950. No jogo de estreia pelo Manjacaze, o atacante teve uma exibição de tal fulgor que o árbitro do encontro se aproximou dele e não se fez rogado em lançar um convite: “Ouve lá, tu não queres ir jogar para o Belenenses?” A resposta foi pronta e, em 1951, após resistir a convites de FC Porto, Benfica e União de Coimbra, Matateu está a treinar com os azuis do Restelo.

Moçambicano de gema, Matateu nasceu na antiga Lourenço Marques a 26 de julho de 1927. Chega assim a Portugal ainda antes do King e só foi por Eusébio foi destronado enquanto melhor jogador africano a pisar solo luso. De remate rápido e sempre pronto, esta Pérola Negra tinha tanto de bom jogador que levou os ingleses a afirmarem à boca cheia que estava encontrada a oitava maravilha do Mundo. E tinham razões para isso.

No primeiro jogo que faz ao serviço do Belenenses, Matateu espanta tudo e todos: frente ao Sporting dos Cinco Violinos, o jovem brilha e aponta dois dos quatro golos com que os azuis levam de vencida os leões de Alvalade. Estava dado o pontapé de saída para um currículo cheio de clubes e golos. Belenenses, Atlético, Gouveia, Amora, First Portuguese (Canadá), Chaves e Sagres Victoria (Canadá) foram os emblemas envergados por Matateu até meados dos anos 70. Em 1952/53 e 54/55 foi o melhor marcador da I Divisão. A época que terminou em 1955 foi, aliás, a melhor do jogador: aos 62 minutos da final da Taça de Portugal, contra o Sporting, é Matateu quem marca o golo que dá o caneco aos homens de Belém.

Na Seleção, Matateu também foi especial. O moçambicano obteve um registo impressionante de 13 golos em 27 internacionalizações, batendo na altura o recorde de tentos do saudoso Peyroteo. Matateu estreou-se a 23 de novembro de 1952, frente à Áustria, mas foi incapaz de desfazer o empate até ao apito final do senhor de negro.

O atleta português, que chegou a vencer uma Taça de Portugal ao serviço do Belenenses, em 1960, jogou até aos 55 anos no Canadá.

Matateu teve muito em comum com o Farol de Alexandria, a Estátua de Zeus em Olímpia ou os Jardins Suspensos da Babilónia: desapareceu deste mundo (a 27 de janeiro de 2000). Mas, acima de tudo, era uma verdadeira maravilha.

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