Não esqueças o meu nome
Nascido a 2 de agosto de 1969 em Espinho, Fernando Couto deu no Sporting local e no Lusitânia de Lourosa os primeiros passos no futebol, despertando o interesse do FC Porto, que o recrutou ainda como júnior. Foi já como dragão que começou a colecionar títulos, sagrando-se campeão nacional na sua primeira época nos azuis e brancos. Em 1986/87, então com 17 anos, evoluía numa equipa onde, entre outros, figuravam jogadores como Vítor Baía, José Nuno Azevedo, Carlos Secretário, Paulo Alves ou Domingos Paciência. Na época seguinte, teve à 37.ª jornada a sua estreia pela equipa principal, comandada na altura por Tomislav Ivic, cumprindo os 90’ do triunfo sobre a Académica, por 1-0, em Coimbra. Era chegado o momento de ganhar rodagem competitiva para passar à afirmação plena de dragão ao peito e foi precisamente na Briosa que consolidou esse processo: em 89/90 fez 24 partidas pelos estudantes (22 como titular) e marcou dois golos.
A cedência à Académica, porém, dá-se já na condição de campeão mundial: Fernando Couto foi, já se sabe, um dos heróis a conquistar em Ríade o título de sub-20. Chegaria com naturalidade à titularidade no FC Porto a partir de 1990 e, por inerência, ao onze da Seleção Nacional, também ela orientada por Artur Jorge, que comandava em paralelo os dragões. Nos quatro anos seguintes, sagrar-se-ia campeão nacional por três ocasiões, conquistando por duas vezes a Taça de Portugal e outras tantas Supertaças. A forma imperial como se impunha aos adversários, não só pela pujança física como pela elasticidade conferida pela prática do Karaté, na sua juventude, a par da consistência e regularidade, num patamar de eleição (numa sucessão de 34, 43 e 39 jogos em duas épocas consecutivas, com três, dois, seis e um golos apontados), despertaram a cobiça internacional e o salto, inevitável, acabou por ser dado para Itália. A mudança para o Parma deu-se em 94/95 e nessa primeira época Fernando Couto teve o melhor rendimento da carreira, com sete golos em 44 jogos: nunca jogara nem marcara tanto, nem o voltaria a fazer. A temporada seguinte seria a antítese da primeira campanha: fez apenas 15 jogos, sem golos. Esse registo não inviabilizaria, porém, novo salto na carreira. A chegada de Bobby Robson, que o treinara no FC Porto, ao Barcelona, valer-lhe-ia a transferência para os blaugrana. Depois de uma primeira época fulgurante, com 35 jogos e dois golos, Fernando Couto voltaria a ver o seu rendimento cair na segunda campanha, algo a que também não foi estranha a mudança no comando técnico, com a troca de Bobby Robson por Louis van Gaal. Após duas temporadas na Cidade Condal, deu-se o regresso a Itália, onde prosseguiria a carreira até final. Depois de Parma, Roma: ao longo de sete épocas, de 1998 a 2005, foi dono da camisola 24 da Lazio, que envergou por 217 ocasiões, sendo orientado, sucessivamente, por Sven-Goran Eriksson, Dino Zoff, Alberto Zaccheroni, Roberto Mancini.
Na defesa das Quinas por mais de uma centena de vezes
Entre 19 de dezembro de 1990, quando defrontou os Estados Unidos, em jogo de caráter particular, e 30 de junho de 2004, quando fez o último jogo pela seleção, na meia-final do Europeu, diante da Holanda – na final, a dupla de centrais foi composta por Jorge Andrade e Ricardo Carvalho – Fernando Couto disputou 110 jogos pela equipa das Quinas, nos quais apontou oito golos. O primeiro foi na derrota com a Itália (1-3), nas Antas, na fase de apuramento para o Mundial dos Estados Unidos de 1994, a 24 de fevereiro de 1993, o último no triunfo gordo sobre a Lituânia (4-1) conseguido a 5 de junho de 2004, em amigável disputado no Bonfim, na antecâmara do Euro que assinalaria a sua despedida.
Colecionador de títulos
Há, claramente, um denominador comum em toda a carreira de Fernando Couto: ganhar. Foi assim logo à chegada ao FC Porto, em 1986/87, quando se sagrou campeão dos juniores. Antes de chegar à equipa principal, e já depois de passagens por empréstimo no Famalicão e na Académica, conquistou o Mundial de sub-20 por Portugal, em Ríade, em 1989. Foi, então, a vez de afirmação plena pelos dragões no patamar mais elevado: depois de já ter festejado o título de 1987/88 – defrontou a Académica, a 2 de junho, na penúltima jornada -, voltou a sagrar-se campeão em 1991/92 e 1992/93, conquistando a Taça de Portugal em 1990/91 e 1993/94. Na época seguinte, e já ao serviço do Parma, arrebatou a Taça UEFA. Em 1996/97, pelo Barcelona, venceu a Taça do Rei em Espanha e a Taça das Taças, ajudando os blaugrana a fazer a dobradinha na época seguinte. Em 1998/99, voltou a triunfar na Taça das Taças, ao serviço da Lazio, ao serviço da qual foi campeão italiano (1999/2000) e conquistou duas Taças de Itália (99/2000 e 2003/04).