Imerson voou para os três pontos


Guarda-redes do Rabo de Peixe brilhou na vitória sobre o Real SC.

Apelidado de “o pássaro dos Açores”, Imerson tem feito uma época excecional ao serviço do seu já conhecido Desportivo de Rabo de Peixe. Em 10 jogos apenas sofreu dois golos, fazendo com que a equipa seja a menos batida do Campeonato de Portugal.

No último jogo, o guardião de 29 anos defendeu uma grande penalidade aos 83 minutos e garantiu a vitória da equipa açoriana, sendo assim considerado o Craque da Semana do Campeonato de Portugal para o Sindicato dos Jogadores.

Ainda com o sonho de defender as cores da seleção de Cabo Verde, Imerson continua a dar nas vistas na baliza, apesar de atribuir o mérito dos poucos golos sofridos ao coletivo.

Defendeste um penalty aos 83 minutos e o Rabo de Peixe conquistou os 3 pontos. Segurar assim a vitória da equipa tem um significado especial?
Tem um significado muito especial porque ao minuto de jogo em que foi, quase a terminar e com a equipa prestes a vencer, aparece uma penalidade. É uma situação muito complicada. É um avançado contra o guarda-redes e, ou eu defendia, a equipa continuava na frente e vencíamos o jogo, ou empatávamos e o Real Massamá continuava em cima e quem sabe até dava a volta ao resultado. Isto porque a equipa podia baixar os braços e seria muito complicado. Mas foi muito especial, consegui defender e foi importante para a vitória.

O que passa pela cabeça de um guarda-redes quando uma grande penalidade está prestes a ser batida?
No meu caso tento concentrar-me a 100%. Tento desligar-me do que os meus colegas ou o meu adversário estão a dizer. Foco-me somente no penalty, olho para a bola, tento chegar à cabeça do avançado e adivinhar o lado. Há também vários pormenores que temos de perceber, que faz parte dos truques de guarda-redes, não é? [risos] Tenho esses “truques” interiorizados e têm resultado. Já são três penalties, em que defendi dois para fora. É complicado porque ou defendemos ou é golo do adversário. Temos de ser rápidos a reagir, tentar entrar na cabeça do avançado e adivinhar. É “só” isso.

És o guarda-redes com menos golos sofridos no Campeonato de Portugal. Pensas que é reflexo do trabalho que tens vindo a fazer e de esforço pessoal?
Podemos dizer que sim, mas eu acho que é mais pelo coletivo – pela nossa estratégia de jogo e o nosso modo de jogar. Sabemos que temos adversários muito fortes e desde o primeiro dia que o treinador pediu à equipa que jogasse dessa forma, com um bloco mais baixo e acho que isso ajuda. Depois é o coletivo, a entreajuda de todos, que faz com que nós não soframos golos. Por acaso, ontem foi o jogo em que remataram mais à nossa baliza, no resto dos jogos só sofri dois ou três remates em cada um, portanto…. Acho que acima de tudo é o coletivo. Estou muito contente pelo jogo de ontem, sim, que é o reflexo do trabalho realizado durante a semana, que passa por não sofrer golos durante o jogo, e é para isso que trabalhamos, mas volto a dizer, é sobretudo o coletivo, a entreajuda e a nossa estratégia de jogo.

Já tinhas jogado no Rabo de Peixe anteriormente. O que te trouxe de volta?
Tinha jogado no Rabo de Peixe quando tinha os meus 20 anos. Fui para o clube, na altura, para a Série Açores, que é a distrital daqui, e estive cá três anos. Foi uma experiência diferente, porque fiz a minha formação toda no São Roque, que jogava na regional e, então, estive dois anos a jogar na regional. Fui para o Rabo de Peixe para subir um patamar, que era ir para a Série Açores. Depois apareceu o Sporting Clube Ideal, que jogava no Campeonato de Portugal e decidi dar mais um passo em frente. Mas esta época, o Rabo de Peixe subiu de divisão. Na altura, quando saí, saí pela porta grande, como se costuma dizer, saí bem com o povo aqui de Rabo de Peixe e com a direção. Esta época, pediram-me para ajudar o clube a evoluir, a subir e eu disse “olha, ajudaram-me quando eu precisei, então agora também vos vou ajudar e dar o meu máximo” e foi a escolha certa.

A equipa está neste momento em 4.º lugar na série e com menos jogos que as equipas que estão à frente. Ficar nos cinco primeiros é um dos objetivos definidos para esta época?
Não. Digamos que o objetivo mesmo é a manutenção. No entanto, como esta série é muito competitiva, muito complicada, há grandes jogos, as equipas são muito fortes e estamos neste momento bem classificados, vamos lá ver. Jogo a jogo e quem sabe, talvez, se vencermos os jogos em atraso, esse possa vir a ser outro objetivo.

Nunca pensaste em sair dos Açores ou a oportunidade apenas não surgiu?
É assim… já tive a oportunidade de sair dos Açores, mas em termos financeiros não compensava, por isso nunca saí. Agora, claro que gostava de ter experiências diferentes, fora dos Açores.

E representar a seleção de Cabo Verde, continua a ser um sonho?
Sim. Esse é o meu grande objetivo. Conseguir chegar à seleção.

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