Opinião: “Pior era difícil”
Presidente do Sindicato dos Jogadores e a situação insólita no jogo entre o Belenenses SAD e o Benfica.
Esta semana, o presidente do Sindicato dos Jogadores, Joaquim Evangelista, comenta os acontecimentos que envolveram o jogo entre o Belenenses SAD e o Benfica, da 12.ª jornada da Primeira Liga, num artigo de opinião publicado no Record:
“O jogo entre a Belenenses SAD e o Benfica fica marcado por um conjunto de inacreditáveis decisões, um assassinato da integridade e da ética desportiva, e uma especial preocupação de cada envolvido em demarcar-se de responsabilidades, sem prejuízo do regulamento e protocolo em vigor.
Clarificar a esfera de ação de cada um e dar nota do que se fez de diferente, como se a pandemia nunca tivesse obrigado a decisões que alteram os critérios inicialmente estabelecidas, é muito pouco.
Até ao momento, faltou articulação para encontrar uma resposta que possa garantir que este desastre não se volta a repetir. A pandemia não acabou e surtos em equipas das diferentes competições, masculinas e femininas, vão acontecer.
Isto já não é sobre o caso que nos envergonha, é sobre a forma como o futebol se comporta perante problemas que seriam facilmente resolvidos se o bom senso e a articulação institucional verdadeiramente funcionassem.
Fica, igualmente, uma sensação de desamparo pelas autoridades de saúde, que não sendo o organizador e decisor desportivo, deveriam dar cobertura para a tomada de decisões que dizem respeito à saúde pública.
Se este não era um caso para convocar circunstâncias de força maior para impedir a realização do jogo, e recorrer aos pontos de contacto que Liga e Federação construíram nestes quase dois anos de crise pandémica para, em conjunto, ser resolvido este impasse, o que será preciso acontecer?
Se já era vergonhoso o que se passava no Jamor, mais se tornou ao percebermos que tudo isto ainda comportou um risco acrescido de contágio para os intervenientes, sabendo-se que no caso da Belenenses SAD está em causa um surto provocado pela nova variante da Covid-19. Pior do que isto era difícil. Se aprendemos com este caso, tenho sérias dúvidas.”