Opinião: "Be Active: conceito e forma de estar"


Presidente do Sindicato dos Jogadores destaca nova edição do Union Women's Cup e fala sobre a sobrecarga competitiva.

No artigo de opinião desta semana, publicado no jornal Record, o presidente do Sindicato dos Jogadores, Joaquim Evangelista, fala sobre a realização da terceira edição "Union Women's Cup - Sub17, Carla Couto" e reforça a necessidade de abordar o tema da sobrecarga competiviva:

"A fechar a semana europeia do desporto, 2024, iniciativa que pretende sinalizar a importância da prática desportiva e hábitos de vida saudáveis, para o bem-estar e desenvolvimento da população, o Sindicato dos Jogadores acolhe a terceira edição da “Union Womens Cup – SUB17, Carla Couto”. Quero deixar à Carla e à equipa que a acompanhou na organização um sentido agradecimento, por idealizarem uma competição diferenciada, procurando unir os dirigentes, equipas técnicas, jogadoras e famílias num propósito comum. Temos muito orgulho em promover um evento desta natureza no Campus do Jogador e juntar à mensagem do “Be Active”, outra igualmente importante: a da igualdade de género, traduzida nas mesmas oportunidades e incentivos para que as nossas jovens possam progredir, desfrutar do futebol e, quem sabe, iniciar o caminho para o patamar de elite. Agradeço, ainda, a todos os parceiros que nos ajudaram nesta organização, à Câmara Municipal de Odivelas, aos clubes envolvidos e, muito em especial, a cada uma das jogadoras, fazendo votos para que, acima dos resultados, impere o fair play e o espírito positivo que caracterizam o torneio desde a primeira edição.

A semana fica, também, marcada por mais dois exemplos de que o tema da sobrecarga competitiva não pode ser ignorado. Quis o destino que Rodri, um dos jogadores mundiais com mais jogos realizados na última temporada e porta-voz recente de uma legítima indignação, se lesionasse com gravidade, um infortúnio difícil de evitar quando se joga permanentemente no limite da disponibilidade física e mental. Também Raphael Varane, outro jogador que já tinha falado de forma clarividente sobre a absoluta loucura que existe com a sobreposição dos calendários nacionais e internacionais, após lesão grave e aos 31 anos, decidiu pôr termo à carreira. Para um central de elite é muito cedo, mas não inesperado. Duas faces do mesmo problema, que tem de ser abordado sem medo, contra a desinformação que se vai tentando gerar.

Por fim, deixo um abraço ao Rodrigo Varanda, ex-jogador do Santa Clara que anunciou o fim de carreira por razões relacionadas com a sua saúde mental. Este tema continua a merecer um trabalho profundo, quebrando o mito de que todos os futebolistas vivem numa redoma de privilégios, imunes a problemas que afetam o seu bem-estar psicológico. Muitos atletas ainda sofrem em silêncio, por vergonha, incerteza e medo das consequências pessoais e profissionais dessa exposição. Os casos que vou conhecendo reforçam a importância de atuar preventivamente, normalizar o assunto e estar em prontidão, como acontece no Sindicato dos Jogadores, para garantir uma resposta célere, eficaz e confidencial, a qualquer momento. Essa é a mensagem para todos os jogadores, contem connosco, nunca caminharão sozinhos."

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