No artigo de opinião desta semana, publicado no Record, o presidente do Sindicato dos Jogadores, Joaquim Evangelista, analisa o percurso vitorioso das Seleções Nacionais e perspetiva os desafios futuros do futebol internacional:

"No dia da final da Liga das Nações, para um país que se habituou a estar entre os gigantes do futebol mundial, quero enaltecer a qualidade dos nossos jogadores, o inegável trabalho dos clubes na formação e o trabalho de largas décadas nas Seleções Nacionais, que hoje permite encarar os títulos conquistados como um resultado do processo e não um mero acaso.

Chegar a um momento em que a conquista do Campeonato da Europa em Sub-17 é assumida pelos nossos jogadores e equipa técnica como o objetivo, pensado, trabalhado e incutido, apesar da dimensão dos adversários, mostra bem a solidez de um percurso onde não se pode menosprezar alterações importantes nos quadros competitivos, que vieram trazer mais espaço para os jovens se desenvolveram ao mais alto nível, bem como o processo de certificação de entidades formadoras, que tem ajudado a fomentar, em todo o território nacional, uma cultura de excelência.

A crítica e o escrutínio público da prestação dos jogadores são importantes quando não se transformam num modelo de instrumentalização permanente da opinião pública. Quando os ataques desenfreados conseguem retirar mérito aos enormes feitos que temos alcançado, resta a quem tem a oportunidade de intervir publicamente apoiar e dar confiança para que os nossos jogadores, dentro das quatro linhas, voltem a contrariar o fatalismo tipicamente nacional. Ciente do nosso mérito, mas também dos problemas estruturais com que nos debatemos, estarei na próxima semana em Estocolmo para a Assembleia-Geral da Divisão Europa da FIFPRO.

Os Sindicatos de Jogadores europeus irão discutir os desafios para a sustentabilidade do mercado, apresentando os resultados do diálogo que tem sido mantido com o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia, relativamente à proteção dos direitos fundamentais dos jogadores. Iremos, também, alinhar a estratégia pós 'caso Diarra', num contexto de fracos avanços negociais. Teremos especial atenção à jurisprudência que se tem seguido na FIFA e no CAS.

Abordaremos as medidas políticas e judiciais para defender os direitos dos jogadores no que se refere a descanso, saúde e bem-estar, seriamente afetados pelos atuais calendários de clubes e seleções. Recordando que há 30 anos o belga Jean-Marc Bosman conseguiu afrontar um poder que parecia absoluto e mudar para sempre a vida dos futebolistas, estamos cientes de que será na Europa que se irão produzir as reformas que vão impactar o futebol masculino e feminino, a nível mundial."