Gerir bem os rendimentos para acautelar o futuro


Sindicato dos Jogadores apresentou estudo sobre a literacia financeira dos futebolistas.

Para assinalar a Semana da Formação Financeira, que decorre entre os dias 28 e 31 de outubro, o Sindicato dos Jogadores e o Conselho Nacional de Supervisores Financeiros (CNSF) apresentaram esta terça-feira, 29 de outubro, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), os resultados de um inquérito à literacia financeira dos jogadores de futebol.

Foram inquiridos 424 jogadores de futebol em Portugal, dos quais 51,9% da Segunda Liga, 26,9% da Primeira Liga, 11,1% da Liga Feminina e 10,1% do Campeonato de Portugal.

O estudo revela que 79% dos jogadores gerem sozinhos o seu rendimento e que 56,4% dos futebolistas planeiam o orçamento familiar (a maioria mensalmente). Relativamente à poupança, 81,4% dos inquiridos poupam regularmente, sendo que os jogadores de futebol poupam mais frequentemente do que a população em geral (59%).

Quanto à formação académica, 58,5% fizeram o ensino escolar obrigatório (12.º ano) e 8,2% terminaram um curso superior. No que aos rendimentos auferidos mensalmente diz respeito, 28,5% afirmou que recebe acima dos 2500 euros, sendo mais de metade jogadores do principal escalão, 26,4% recebe entre 1000 e 1500 euros e 13,9% aufere entre 500 e 1000 euros.

Perante os resultados apresentados, Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores, registou o facto de a maioria dos futebolistas terem a preocupação de pouparem durante a carreira, gerindo os seus rendimentos da melhor forma, mas alertou para a necessidade de os jogadores se qualificarem, para acautelarem o seu futuro.

“A carreira de um futebolista é curta e tem um desgaste enorme e, nessa medida, o jogador tem a necessidade de se qualificar, poupar e olhar para a sua carreira profissional depois de deixar o futebol”, alertou Joaquim Evangelista.

João Oliveira, que apresentou os resultados do estudo em representação do Sindicato dos Jogadores, destacou o planeamento da reforma por parte dos futebolistas: “Este foi um inquérito pioneiro sobre os hábitos de poupança e gestão de recursos financeiros por parte de jogadores de futebol no ativo. No que diz respeito ao planeamento da reforma, os jogadores não têm uma ideia muito clara daquilo que vão fazer no pós-carreira, recorrendo a produtos financeiros e fazendo investimentos. É importante terem um plano B para fazerem face à transição”.

Da parte do CNSF, Rui Pinto, administrador da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, sublinhou o facto de já haver uma maior consciencialização da parte dos jogadores para a criação de hábitos de poupança: “Existe da parte dos futebolistas uma noção maior para a necessidade de investirem as aplicações de forma correta, conhecendo os riscos. Há muito caminho pela frente na literacia financeira, mas já há uma maior consciência”.

Após a apresentação dos resultados do estudo, seguiu-se um debate com a participação do presidente do Sindicato dos Jogadores, de representantes do CNSF (constituído pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, Banco de Portugal e Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) e de Marco Ferreira, internacional português que se sagrou campeão europeu pelo FC Porto em 2004 e que representou, entre outros, o Benfica, Vitória de Guimarães, Vitória de Setúbal e Belenenses.

“É importante para o jogador ter um plano B quando acabar a carreira. Quando estamos no ativo não sabemos o que vamos fazer quando deixarmos o futebol. Estamos habituados a que nos resolvam tudo, mas depois caímos no mundo real. Estas informações podem esclarecer os jovens que a carreira é curta e que alguns passaram por momentos difíceis”, afirmou o ex-jogador Marco Ferreira.

O estudo apresentado resulta de uma parceria entre o Sindicato dos Jogadores e o CNSF, que tem como objetivo a formação e sensibilização para a importância da criação de hábitos de poupança e gestão adequada dos recursos financeiros. O projeto tem como lema “Todos contam. E no futebol também”. 

Consulte as conclusões do estudo realizado pelo Sindicato dos Jogadores AQUI.

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