Jogadores ainda não receberam do FIFA Fund
Sindicato português apela ao bom senso do presidente Gianni Infantino.
A FIFA ainda não pagou a totalidade dos montantes aprovados para os jogadores que recorreram ao FIFA Fund, referente ao quarto período de candidaturas a este mecanismo, aprovadas em setembro de 2023.
Os sindicatos de jogadores de diferentes países confirmam que, embora os pagamentos tenham sido feitos pelo organismo que tutela o futebol mundial em relação aos três primeiros períodos de candidaturas, o valor referente ao quarto período ainda não foi pago.
Muitos dos jogadores afetados estão desempregados ou retirados e os montantes são considerados essenciais. A situação já levou a que o Sindicato dos Jogadores acionasse o seu Fundo de Solidariedade para apoiar financeiramente alguns dos futebolistas afetados.
Em Portugal, o Sindicato dos Jogadores apresentou candidaturas em representação de 35 futebolistas, que após aprovação ainda não foram pagas.
Hélder Baldé, jogador do Atlético, da Liga 3, é um dos atletas afetados por esta situação, tendo reclamado verbas que não foram pagas pela Clube Desportivo das Aves SAD, e relata na primeira pessoa o que tem vivido:
“Quando estava ao serviço do Aves, na época 2019/20, fiquei sem receber o meu salário, rescindi com justa causa e pedi o apoio do Sindicato dos Jogadores. Fui informado do mecanismo de solidariedade que a FIFA criou e solicitei esse apoio. Em fevereiro deste ano a FIFA disse que iria pagar e até hoje não pagaram nem respondem aos emails que tenho enviado. Sinto-me injustiçado e espero que esta situação se resolva em breve.”
O FIFA Fund foi criado por acordo entre a FIFPRO e a FIFA, em 2020, para compensar os jogadores que ficaram sem poder receber os seus salários devido à insolvência ou encerramento da atividade desportiva dos respetivos clubes.
Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores, alerta para a importância da regularização dos valores em dívida por parte da FIFA, para que todos os jogadores afetados fiquem com a sua situação resolvida:
“O Sindicato português representa 35 jogadores que tiveram a sua candidatura aprovada no quarto período do FIFA Fund, num montante global concedido de aproximadamente 234.600 euros.
A situação é muito má porque temos entre os jogadores retirados e no ativo alguns que enfrentaram, recentemente, períodos de desemprego e este montante é absolutamente essencial para a sua estabilidade financeira.
Não compreendemos porque é que após três rondas de pedidos e pagamentos efetuados num período razoável, para este quarto e último período a FIFA esteja a atrasar as transferências bancárias, sem qualquer razão para que isso aconteça.
Só podemos desconfiar de pressão política, face às ações intentadas pela FIFPRO na Comissão Europeia e à recente vitória no “caso Diarra”. É inaceitável que se tratem assim os jogadores e que os mais vulneráveis sirvam como arma de arremesso político.
Mantemos o contacto com a FIFPRO (sindicato internacional de futebolistas), esperando que esta situação possa ser resolvida em breve. Temos recebido chamadas diárias dos nossos jogadores, que manifestam toda a sua frustração. É uma sensação de impotência e de que lhes criámos falsas expectativas, quando simplesmente confiámos no regulamento aprovado e publicado pela FIFA e nos procedimentos que estavam em vigor.
Apelo, por isso, ao presidente da FIFA, Gianni Infantino, para que desbloqueie de imediato as verbas em falta. Esperamos que esta situação se resolva rapidamente.”