“Podemos ajudar-nos mutuamente”


O presidente do sindicado holandês (VVCS) realça as boas relações com o SJPF e recorda que na Holanda os salários em atraso aos jogadores não são um problema. Clube que não cumpra é punido desportivamente.

Quando foi criado o Sindicato dos Jogadores Holandeses (VVCS)?
Em 1961.

Qual é a sua posição no Sindicato e desde quando está no lugar?
Sou o presidente do Sindicato (VVCS), desde 2005, altura em que terminei a minha carreira enquanto jogador.

Quais são os principais serviços disponibilizados pelo Sindicato holandês?
Acompanhamento jurídico aos jogadores (a nível individual e coletivo), carreira educativa independente e serviço de aconselhamento (Academia VVCS), programa de apoio a jogadores em dificuldades, apoio a jogadores em fase de transição na carreira, auxílio a atletas sem contrato (equipa VVCS) e gestão de carreira dos jogadores, entre outros.

Quais são os maiores problemas que afetam os jogadores na Holanda?
As negociações para o novo Contrato Coletivo de Trabalho começarão em breve. Além disso, a nova estrutura da Segunda Divisão de Futebol foi introduzida há poucas semanas. Por outro lado, devido à difícil situação financeira dos clubes, muitos jogadores estão desempregados. Desportivamente, e apesar do elevado estatuto da seleção nacional holandesa, os clubes não estão a ter bons desempenhos a nível internacional.

Os salários em atraso são um problema efetivo na Holanda?
Não. Todos os clubes são obrigados pelo contrato coletivo de trabalho a pagar os salários aos seus jogadores antes do dia 10 de cada mês. Se tal não for cumprido, o clube é punido com uma redução de três pontos no campeonato.

As redes sociais e as novas tecnologias são importantes para o vosso sindicato?
Sim, a maior parte dos nossos colaboradores tem uma conta no Twitter, eu incluído. Teremos, dentro de dois meses, uma aplicação do VVCS para smartphone. Não temos conta de Facebook.

Qual é a sua opinião sobre a FIFPro?
A FIFPro é extremamente importante para os jogadores a um nível global. Na Holanda, os direitos dos jogadores estão muito bem assegurados pelos contratos coletivos de trabalho e pelas regulações da federação. A difícil tarefa da FIFPro é a de assegurar que estes direitos são garantidos à escala mundial. Sem a FIFPro, a situação de muitos jogadores seria pior. Ainda assim, a condição de muitos países pode ser substancialmente melhorada.

Como classifica a relação entre o sindicato holandês e a federação de futebol da Holanda?
De três em três meses temos uma reunião regular oficial para discutir diversos problemas que afetem jogadores ou o futebol em geral. Durante a temporada, há contacto semanal, por mail e telefone. Além disso, temos ainda dois votos (em 34) na assembleia-geral da federação.

Como define a relação institucional entre os sindicatos português e holandês?
O futebol é um desporto internacional e, como tal, todos os sindicatos têm de lidar com os seus próprios problemas. Podemos ajudar-nos mutuamente e encontrar as soluções para esses problemas, aprendendo uns com os outros. Há jogadores e treinadores holandeses em Portugal e já pedimos ajuda a Joaquim [Evangelista, presidente do SJPF] no que toca aos nossos compatriotas em solo português. O nosso contacto com o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol tem sido sempre bom e construtivo e espero que assim continue a ser.

Gostaria de enviar uma mensagem para os atletas holandeses em Portugal?
Quero desejar-lhes todo o sucesso em Portugal e aconselhá-los a recorrer ao SJPF caso tenham problemas. Estarão em boas mãos.

 

PERFIL

Nome: Danny Petrus Hesp

Data de nascimento: 19 de outubro 1969

Posição: Defesa

Clubes: Ajax, Heerenven, TOP Oss, Roda, AZ Alkmaar, NEC e RBC Roosendaal