O Diogo, o André e o tanto que nos deixam

A tragédia que nos levou o Diogo e o André tem provocado uma onda de amor e solidariedade como há muito não se via. No Sindicato dos Jogadores começámos a seguir a carreira do Diogo desde muito cedo, destacando-se por ser um jovem talento que merecia os elogios dos nossos delegados na entrega de prémios, pela garra e entrega.
Representava tudo o que personificamos num grande jogador e tinha uma humildade, resiliência e forma de estar na vida que só é perfeitamente compreendida por aqueles que vêm de baixo e conquistam o que têm a pulso, fruto do seu trabalho, sem que nada lhes seja dado de bandeja.
Tinha, ainda assim, a capacidade para respeitar, compreender e ter uma enorme empatia pelos outros. Anos mais tarde, não se esqueceu de nós quando o André precisou de ajuda e empenhou-se na resolução do problema do irmão, de uma forma que me comoveu, tantos foram os exemplos que já tive de figuras com impacto mediático, a quem a ligação familiar ou afetiva não dizia grande coisa. Era pai de família, desportista de elite, empreendedor, ídolo de uma geração. Por tudo isto, e muito mais, é difícil encontrar palavras de homenagem suficientes para enaltecer alguém que devíamos estar a celebrar, por muito mais tempo.
Entre várias mensagens publicadas nas últimas horas, marcou-me muito a do colega e amigo Rúben Neves, que expressou a certeza de continuar a trazer o Diogo em tudo aquilo que faz. Sintetiza a única reação possível perante a crueldade destes acontecimentos. Que o Diogo e o André continuem com os seus, no seu dia a dia, e connosco, a inspirar e motivar o melhor que existe em cada um de nós.
É tanto o que nos deixam que seria impossível não devolvermos à família, aos amigos e a todos os que sofrem neste momento de profunda dor, uma mensagem de conforto e um sentimento de gratidão, traduzido no lema do último clube que o Diogo tão bem representou: 'You´ll never walk alone'. Enquanto presidente do Sindicato, sei que tenho atrás de mim todas as jogadoras e jogadores deste país, no agradecimento por tudo o que estes irmãos foram e continuarão a significar para a nossa classe.
Quero, ainda, deixar uma mensagem de alento às nossas Navegadoras, nesta caminhada do Europeu que decorre na Suíça. Se fosse fácil não era para vocês, temos dois jogos difíceis pela frente, mas que estão ao nosso alcance. Vamos entrar em campo com tudo e lutar até ao último minuto. Acredito em cada uma de vocês. Estamos juntos, pelo Diogo, pelo André e por Portugal.
Artigo de opinião publicado em: jornal Record (6 de julho de 2025)