Crise em Leiria. “Sindicato vai ajudar nos casos mais complicados”


Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores, confirmou esta segunda-feira depois de uma reunião com o plantel da União de Leiria que “alguns dos atletas com mais dificuldades” serão ajudados no imediato. “Vamos fazer um esforço e avançaremos com 1000 euros para seis futebolistas que atingiram uma situação especialmente dramática”, adiantou.

O plantel leiriense tem "três e quatro meses de salários em atraso" mas, mesmo assim, vai apresentar-se aos treinos preparando o jogo do próximo fim-de-semana com o Vitória de Guimarães. Depois disso, segunda-feira, tudo pode ser diferente, caso o clube não cumpra as suas obrigações. Essa foi a conclusão saída da reunião desta segunda-feira, onde o Sindicato foi mandatado para representar os jogadores leirienses junto do clube e da Liga (ainda esta semana deverá haver uma audiência) para resolver o problema.

Para além da União de Leiria, o presidente do SJPF referiu que existem situações de incumprimento graves noutros clubes – “são conhecidos os casos de União de Leiria e Vitória de Guimarães, por exemplo” – e deixou uma crítica aos dirigentes. "Os resultados desportivos não servem de desculpa, como fez o presidente do Leiria, que devia ter respeito pelos jogadores e pelo sindicato. Tem de ter tento na língua antes de falar com os jogadores da forma como fala", disse. João Bartolomeu, recorde-se, tinha afirmado que os jogadores “só pensam em dinheiro”.

"Já toda a gente percebeu que há dirigentes que não acrescentam nada ao futebol português. Faziam um favor se se fossem embora, e com dignidade, que é o que todos queremos", disse ainda Joaquim Evangelista, quando colocado perante o pedido de demissão de João Bartolomeu. “Dá vontade de rir. Nunca vi um dirigente sair de modo próprio. Todos os anos temos este folclore de ameaças do ‘eu vou-me embora e o clube acaba' e ‘eu sou o salvador e sem mim não há clube'", lembrou.

Joaquim Evangelista lembrou que a “questão do salário em atraso se tornou recorrente", cabendo "ao jogador suportar essa factura". "Isso não é aceitável! Os jogadores cumprem com as suas obrigações, fazem um esforço acrescido e exigem respeito. O respeito é pagarem-lhes atempadamente o seu salário", insistiu, defendendo que não faz sentido o cenário de vitimização dos dirigentes. “É porque estão cansados, porque estão há muito tempo ou porque encontraram o clube de forma diferente do que estavam à espera. Toda a gente sabe qual é a realidade do futebol português. Se há actividade que gera dinheiro é o futebol português. Outra coisa diferente é se ele é bem gerido ou não. Essa é responsabilidade dos dirigentes, os jogadores não têm de pagar essa factura”.

No fim, Joaquim Evangelista deixou ainda uma ironia. “Tenho dificuldade em perceber o altruísmo que leva alguns dirigentes a estar 20 anos ligados ao futebol gratuitamente. É coisa que tenho dificuldade em compreender, mas admito que exista. Se calhar temos de canonizar alguns deles, pela dedicação que têm ao futebol profissional. O sindicato poderá propor na assembleia da Federação Portuguesa de Futebol que alguns dirigentes tenham esse título...".

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